O setembro amarelo acabou, mas com a lembrança dele fica a consciência de que a luta contra o suicídio deve continuar sempre. É de extrema importância falarmos sobre o assunto, pois é assim que passamos a entender esse fenômeno de forma mais empática e mais preparada. Evitarmos falar sobre suicídio e colocá-lo em posição de tabu apenas reforçará o despreparo das pessoas em lidar com possíveis episódios, usando de errôneos senso comum, manejos inadequados sobre “tentar levantar a pessoa”, assim como os constantes preconceitos acima daquela pessoa que está, em seu todo, passando por um momento de sofrimento psíquico intenso o suficiente para que o sentimento de desesperança domine suas perspectivas sobre a vida.
Cada um de sua forma, a pessoa em situação suicida, seja em pensamentos, tentativas e até mesmo finalizações, passam não apenas pelas próprias e extremamente dolorosas questões internas, mas também por outros sentimentos que pesam ainda através das “opiniões” e tentativas erradas em ajudar. Muitas vezes, palavras usadas de maneira inadequada, mesmo que com boa intenção, podem adicionar novas angústias à uma chama de vida que está muito fraquinha.
Sentimentos esses como o de impotência em não conseguir se sentir mais forte como muitas vezes é “sugerido”, frustração em não ter controle sobre si e sobre suas atitudes, vergonha em se sentir assim e ser um “peso” para as pessoas, como muitos outros. O mais importante, dentro de tudo, é a pessoa encontrar a ideia de saber que existe um alguém que está ali, seja quem for, que vai olhá-lo sem julgamento, com amor e bastante empatia, se colocando no lugar e buscando entender o que está acontecendo para que essa pessoa esteja assim, e, dessa forma, promover junto, uma construção confortável e respeitosa, de uma nova compreensão de vida. Seja essa pessoa um familiar, um amigo, um psicólogo ou até mesmo aquela pessoa distante, mas que, por algum motivo, ofereceu em algum momento um acolhimento que lhe foi certeiro.
A morte significa e nos remete a muitas coisas, é algo que precisa acabar para que um novo surja, sendo através da aniquilação daquilo que não está bem para que a esperança retorne e uma nova vida floresça. Então, que tal buscarmos conversar sempre e buscar deixarmos de lado nossos preceitos e tentarmos entender o porquê aquela pessoa está em processo de busca pela morte? Quem sabe não podemos dar um suporte de forma que a pessoa em sofrimento saia da perspectiva de uma morte literal, e adentre à morte simbólica. Dessa forma, como uma rede de apoio, poderemos ajudar a fazer com que aquilo que precise ir embora diminua sua força, “morra” e abra espaço para um belo florescer de vida a quem muito precisa.
Nunca esqueçam do Centro de Valorização à Vida (CVV) – Ligue 188 a qualquer momento que pessoas estarão ali por você. E nós aqui da Fonocenter também! Nós te vemos!
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